Fisiologia e Impactos da Ansiedade

Fisiologia da Ansiedade

Muitas pessoas pensam que ansiedade é apenas uma emoção ou sentimento, mas é importante entender que ela é uma síndrome ou um conjunto de sintomas. São sinais com características observáveis que indicam manifestações críticas, causando insegurança e medo. Neste post, vamos esclarecer esse mal-entendido.

Ansiedade é consequência de um mecanismo de proteção nato, que, diante de perigo real ou imaginário, dispara um sinal de alarme no aparelho psíquico, indicando a urgência de uma tomada de decisão imediata de luta, fuga ou, em última análise, paralisação total (catatonia). É salutar enquanto permanece em um nível de eficiência na resolução do perigo, ou seja, a ameaça está sob controle.

Em situações de ameaça real, age como um mecanismo fundamental de sobrevivência. Esse processo é controlado pelo sistema nervoso autônomo, com papel central dos sistemas nervoso simpático e parassimpático, que são responsáveis por manter a homeostase do organismo e regular o ciclo circadiano.

Sistemas envolvidos

Dois sistemas principais sustentam a resposta ansiosa: o sistema límbico, gestor das emoções, e o nervo vago, responsável pela ativação dos órgãos envolvidos na resposta ao estresse. No sistema límbico, a amígdala cerebral é um marcador biológico, emitindo sinais ao eixo HPA, que em tempo real avisam ao córtex pré-frontal para avaliar a situação e decidir entre lutar, fugir ou paralisar-se diante do perigo. Essa análise ocorre de forma rápida, garantindo a proteção do indivíduo.

Órgãos Afetados

O nervo vago, décimo nervo craniano e o maior nervo do corpo humano, origina-se no tronco encefálico e percorre grande parte do corpo. É o elo entre os principais órgãos, com ramificações que atuam desde os olhos até a bexiga e o reto.

No coração, regula a frequência cardíaca e no sistema digestivo, controla funções como digestão, esvaziamento gástrico e peristaltismo. Também atua na laringe e na faringe, envolvidas na deglutição, fala, produção de muco e saliva. Nos pulmões e bronquíolos, influencia a respiração, além de fornecer sensibilidade ao meato acústico externo e ao muco da laringe.

Controla funções como ritmo cardíaco, digestão, respiração, fala, deglutição e até mesmo a produção de muco e saliva. Também está envolvido na regulação da pressão arterial, do humor, do sistema imunológico e da produção urinária.

Compreender os detalhes desse mecanismo é essencial para reconhecer quando a ansiedade deixa de ser uma aliada e se torna um obstáculo. O grande desafio está em distinguir entre a ansiedade funcional, que aprimora a capacidade de enfrentar desafios, e a ansiedade disfuncional, que prejudica o equilíbrio físico e emocional. Reconhecer esse limite permite adotar intervenções preventivas e restaurar a harmonia do organismo.

Gráfico de eficiência de desempenho

ansiedade

Como a Ansiedade desafia o Desempenho

O desempenho humano segue uma curva em relação à eficiência quando está em uma situação de estresse: quanto maior for o nível de ansiedade, melhor será o desempenho, até certo ponto. A partir desse limite, o excesso de ansiedade passa a prejudicar, em vez de ajudar.

A ansiedade é benéfica antes do pico, pois prepara para situações de crise e melhora o desempenho. Porém, ao ultrapassar o limiar saudável, ela causa angústia e dificulta a realização de eventuais tarefas.

Exemplificando o Gráfico

Exemplificamos o gráfico D/E com uma situação hipotética. Você, um sujeito adulto, está caminhando na rua e se depara com um cachorrinho “Chihuahua”. Pelo tamanho e pelo barulho do latido, ele não oferece perigo, não requer luta e o nível de ansiedade permanece dentro dos limites de desempenho e eficiência.

No entanto, se, no mesmo instante, aparece um pitbull com aquele latido forte e tenebroso, você não tem competência para lutar com o animal; seu desempenho e eficiência caem drasticamente, sua ansiedade ultrapassa o limite e só lhe resta correr para encontrar abrigo ou paralisar.

Ansiedade Doentia e Exemplos

Quando a ansiedade excede a capacidade de adaptação, torna-se patológica. Por exemplo, uma criança criada em ambiente tóxico, com pais excessivamente exigentes ou em situações de abandono, pode desenvolver ansiedade crônica. A exposição constante ao estresse deixa a amígdala cerebral hiperativa, sinalizando perigo mesmo na ausência de ameaças reais. Assim, o funcionamento dos órgãos controlados pelo nervo vago é alterado, gerando sintomas diversos, enquanto o córtex cerebral tem dificuldade para avaliar corretamente as situações. Lembre-se de que o medo constante é causador da ansiedade crônica; nesse contexto, ela turva os receptores hormonais do córtex pré-frontal, impedindo uma análise adequada.

Esse ciclo pode desencadear sintomas físicos (palpitações, tensão muscular, sudorese, dores de cabeça, distúrbios gastrointestinais, insônia) e emocionais, prejudicando a qualidade de vida, o raciocínio, a tomada de decisões, o convívio social e o desempenho acadêmico ou profissional.

Comorbidade da Ansiedade

A ansiedade frequentemente está associada a outros transtornos, como depressão, distúrbios alimentares, dependência química e doenças crônicas. Essa associação dificulta o diagnóstico e o tratamento, tornando fundamental uma abordagem multidisciplinar, que envolva psicoterapia, uso de medicamentos quando necessário, mudanças no estilo de vida, atividades físicas, técnicas de respiração, meditação e fortalecimento das redes de apoio.

Compreender a fisiologia e os impactos da ansiedade é crucial para identificar precocemente seus sinais e buscar estratégias que promovam o restabelecimento do equilíbrio e da saúde mental.

O papel saudável da ansiedade

Esse mecanismo é considerado saudável enquanto se mantém eficiente na resolução do perigo. Ou seja, a ansiedade é benéfica enquanto a ameaça está sob controle e a solução é encontrada, permitindo ao organismo retomar o equilíbrio.

Quando o sistema entra em exaustão

No entanto, se os sintomas persistirem por um período prolongado, a eficiência do sistema diminui. O organismo permanece em estado de alerta, incapaz de retornar ao equilíbrio, e entra em um processo de saturação e colapso. Com isso, sintomas de ansiedade tornam-se inevitáveis.

Quando o organismo permanece sob constante ativação desse estado de alerta, ele acaba por esgotar seus recursos fisiológicos e emocionais. O sistema nervoso simpático, responsável pela resposta de luta ou fuga, permanece hiperativo, levando à liberação contínua de hormonas como a adrenalina e o cortisol.

Essa descarga constante afeta o equilíbrio homeostático, comprometendo funções como sono, digestão, concentração e até o sistema imunológico. Assim, a ansiedade deixa de ser uma aliada e passa a sabotar o próprio organismo, gerando sintomas físicos e psíquicos prolongados, como fadiga, irritabilidade, insônia, tensão muscular e sensação de apreensão contínua.

Hormônios do Estresse

Adrenalina e cortisol são hormônios associados ao estresse. Quando liberados, desencadeiam diversas reações fisiológicas: o coração acelera, a respiração fica mais rápida, podendo causar falta de ar, tontura e sensação de estranheza. Além disso, os músculos ficam mais tensos, o que pode resultar em dores musculares, dores de cabeça e uma sensação de peso na nuca.

 A adrenalina também pode paralisar algumas funções intestinais, causando várias disfunções, como problemas gástricos, azia, má digestão e refluxo, que podem gerar aquela sensação de dor no peito ou um bolo na garganta. Esses são alguns sintomas causados pela adrenalina e pelo cortisol, que afetam negativamente o sistema imunológico.

Ainda há o agravante da falta de cuidado com a saúde corporal no que diz respeito à ingestão de alimentos ou à ausência deles. O organismo fica mais propenso a desenvolver outras comorbidades, fragilizando ainda mais o corpo todo. Esses sintomas são extremamente desconfortáveis e levam a pessoa a um quadro de pânico e medo intensos. A passagem da ansiedade da mente para o corpo é um fenômeno complexo, mostrando que ela não é “frescura”, mas sim algo que precisa de acolhimento e de atenção.

É nesse ponto que a ansiedade perde sua função protetora e transforma-se em um problema que exige atenção e manejo adequado.

A solução: procure um psicólogo de sua confiança.

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Airton Costa

Bacharel em psicologia -CRP-CE 11/22772

Airton Costa é psicólogo clínico-TCC, escritor hipnólogo.
Com formação na Uniateneu Fortaleza-CE. Gosta de
filosofia e materiais afins, filosofia de vida alinhada
com a inteligência humana e o natural.

1 comentário em “Fisiologia e Impactos da Ansiedade”

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